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Estados Unidos

Mardi Gras, a festa de Nova Orleans que você precisa conhecer

Felicidade estampada no rosto para a festa mais animada do ano / Divulgação

A primeira impressão que muitas pessoas têm ao percorrer as ruas de Nova Orleans pela primeira vez é que a cidade não parece fazer parte dos Estados Unidos. Colonizada por franceses e espanhóis e povoada por descendentes de escravos africanos, além de imigrantes alemães, italianos e irlandeses, a cidade é uma junção multicultural e racial que a diferencia de qualquer outra no país.

Muito mais pobre do que várias outras metrópoles americanas procuradas pelos turistas brasileiros, a cidade teve mais de 80% de seu território devastado pelo furacão Katrina em agosto de 2005. Passados quase 11 anos da tragédia que vitimou cerca de 1500 pessoas e desabrigou milhares de outras, ainda há alguns resquícios dos danos pela cidade. Mas não há absolutamente nada que consiga estragar a descontração e alegria do sofrido povo que nunca desanimou mesmo diante das dificuldades.

Nova Orleans se colore para o Mardi Gras / Tuka Pereira

Se existe uma celebração que sintetiza perfeitamente o espírito vibrante do local, nada é mais eficiente do que o Mardi Gras (que significa), seu animadíssimo Carnaval cuja celebração teve início por volta de 1830. Embora a data exata do Mardi Gras seja a mesma do Carnaval brasileiro, na cidade americana as celebrações começam cerca de um mês antes.

Turistas de todos os cantos dos Estados Unidos e do mundo chegam à cidade e a “Big Easy” fica ainda mais agitada do que já é em dias normais.

No Mardi Gras, nada de festas em clubes e desfiles em espaços fechados para meia dúzia de gatos pingados como acontece em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Para começar a entender a celebração da cidade é simples fazer uma comparação superficial com Salvador, onde o povo se diverte nas ruas. Mas, diferente da capital baiana, não há trios elétricos com artistas intocáveis. Nova Orleans leva as bandas – pequeninas – formadas por instrumentos de sopro para o meio do povão que segue numa espécie de cortejo atrás dos músicos pulando e dançando.

Meninas fantasiadas dançando pelas ruas da cidade / Tuka Pereira

Também não existe essa de sair ‘uniformizado’ usando coisas como abadás. Em ‘Nola’ cada um se fantasia como quer, o que faz lembrar bastante os bloquinhos do Rio de Janeiro e também os da capital paulista.

Nova Orleans, a cidade multicultural ideal para curtir boa música
E há de tudo por lá: casais que combinam suas roupas, grupos de amigos que escolhem um tema (como um desenho animado, por exemplo), famílias que vão com peças similares e muita, muita gente mesmo, que sai usando fantasias criativas e bem-humoradas como uma forma de criticar os políticos do país (não, não é só no Brasil que as pessoas estão descontentes).

Muitas pessoas capricham na fantasia. Este casal foi de Penélope Charmosa e Tião Gavião para a celebração/ Tuka Pereira

Quem quer entrar no clima da festa e não tem lá muita disposição para elaborar uma super fantasia, há sempre a possibilidade de usar uma máscara. O acessório decorado e colorido é vendido até nas drogarias da cidade e pode ser adquirido por valores a partir de 5 dólares. Muitos artesãos locais também confeccionam máscaras manualmente e estas peças costumam ser bem mais caras, mas são infinitamente mais bonitas.

Outra parte importante da festa carnavalesca de Nova Orleans são as chamadas “paradas”, espécies de desfiles que acontecem em várias ruas da cidade. Neles, enquanto algumas pessoas percorrem tocando instrumentos e fazendo coreografias no chão, outras seguem em cima de enormes carros alegóricos decorados. Nestas paradas a população em geral não pode se misturar às pessoas que fazem parte do desfile e apenas as observam das calçadas enquanto vibram e acenam freneticamente.

A paixão em ver os desfiles é tamanha que muitas pessoas fazem verdadeiros acampamentos de um dia para o outro para garantir um lugar privilegiado. Famílias estacionam seus carros nos canteiros por onde as paradas passam e levam desde equipamentos sonoros, a cadeiras, muita comida (tem até gente que faz churrasco!) e tudo mais o que for preciso para passar o dia todo.

Tuka Pereira
Multidão celebrando a passagem da Zulu Parade / Tuka Pereira

Formada por integrantes do tradicional grupo “The Zulu Social Aid & Pleasure Club” (fundado em 1916), a Zulu Parade é uma das mais famosas do Mardi Gras. Neste desfile, os integrantes predominantemente afro-americanos, usam saias feitas de grama e pintam seus rostos de preto. Além disso eles costumam atirar cocos pintados à mão para a população que disputa bastante cada um deles. Segundo a tradição, quem consegue pegar um destes cocos tem boa sorte garantida.

Beads for what?

Divulgação
Beads e máscara: Acessórios quase obrigatórios durante o Mardi Gras / Tuka Pereira

Uma outra característica bastante peculiar do Mardi Gras é impossível de ser ignorada: por onde quer você vá existirão pessoas jogando colares de bolas coloridas e pessoas ostentando dezenas desses acessórios em seus pescoços. Chamados “beads” (“contas”), estes enfeites são os mais tradicionais da festa, que, segundo os registros, tiveram sua origem em 1872. Naquele ano, um grupo de empresários da cidade inventou um rei do carnaval chamado Rex que atirava cordões de amêndoas cobertas de açúcar para as multidões.

Em 1900, colares baratos com contas de vidro começaram a ser atirados pelas alas dos desfiles. As peças foram um sucesso instantâneo tanto entre os moradores de Nova Orleans quanto entre os turistas que chegavam para o carnaval.

Acredita-se que um homem vestido como Papai Noel foi a primeira pessoa em um desfile de Nova Orleans a usar as contas em seu traje. Outras pessoas logo seguiram seu exemplo e começaram a decorar-se com os acessórios. Atualmente confeccionados em material plástico, os beads se tornaram uma das maiores tradições da celebração da terça-feira gorda.

Mas um detalhe nada convencional atrai a atenção principalmente dos turistas que chegam à cidade nesta data. Apesar de inúmeros beads serem atirados por centenas de pessoas o tempo todo e também de haver milhares deles jogados pelo chão, muitas mulheres exibem seus seios em troca dos colares. Do alto das sacadas das históricas construções de Nova Orleans, homens entoam às moçoilas que passam na rua a clássica frase “beads for tits” (algo como ‘colares por peitos’). Não é nada incomum que algumas desinibidas levantem suas blusas mesmo com o frio invernal do hemisfério norte nesta época.

Tuka Pereira
Uma das cenas mais tradicionais do Mardi Gras: pessoas nas sacadas jogando os ‘beads’ para quem passa na rua / Tuka Pereira

Para ajudar a camuflar a identidade, muitas destas mulheres usam máscaras cobrindo os rostos e cedem aos apelos masculinos mostrando os seios sem a menor cerimônia. A prática é tão comum que, ao oferecer os colares nas ruas, muitas pessoas chegam a brincar com a situação dizendo: “ei, não precisa mostrar nada, ok?”. Afinal, não é todo mundo que é ‘mal-intencionado’ por lá e tudo acaba sendo parte de uma grande diversão.

Embora as pessoas usem peças de todas as cores, no Mardi Gras as tradicionais são o roxo, o verde e o dourado que, respectivamente, simbolizam a justiça, a fé e o poder. Assim como os beads que começaram a fazer parte da festa a partir do Rei Rex em 1872, estas cores e seus significados também passaram a ser disseminadas através do personagem.

Se vivenciar um Carnaval incrível, porém completamente diferente de tudo o que vemos no Brasil, faz parte da sua lista de desejos, Nova Orleans precisa estar em seus planos. A maneira mais fácil e confortável de chegar à cidade é através da Copa Airlines. Com quatro voos semanais para a Big Easy (desde junho de 2015), a Copa faz escala no Panamá (cidade sede da companhia), mas não é preciso sequer se preocupar com a bagagem que segue direto ao destino final. Outra vantagem são os valores das passagens para a cidade que podem ser encontradas a preços promocionais bastante interessantes em todos os períodos do ano.